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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Ele é O Cara


Em homenagem ao fim, fumava um cigarro. Ele dizia que o bom em se iludir com alguém, é que justamente da ilusão a gente identifica o que dentro de nós está faltando. Daí, pra correr atrás e resolver a questão interna é um passo. Puta otimista, o cara. Ele dizia também que a única certeza na vida é a morte, e que a única certeza no amor, é o fim. Então, quando um romance acabava, ao invés de ficar triste, o sujeito já ficava logo ansioso pelo próximo, pra saber como seria, o que iria sentir, pensar e aprender. Puta pra-frente, o cara... Na época em que eu estava terminando com a Renata, encontrava com ele toda terça de manhã na padaria do Aluízio. Sempre lá no último banco do balcão: pãozinho com manteiga na chapa, cafezinho com leite no copo americano, boininha marrom enterrada na cabeça... Eu dava bom dia, ele olhava pra mim, sorria, e acenando dizia: “Bom dia é pouco! Hoje o dia vai ser ótimo!”. Amareladamente eu sorria de volta. Depois de comer, ele fumava um cigarrinho, cumprimentava o Aluízio, passava por trás de mim, dando uns tapinhas amistosos nas minhas costas, e na porta da padaria, vestia o casaquinho xadrez, dava uma espreguiçada, montava na bicicleta e ia embora assoviando uma música do Chico Buarque. E por falar em Renata, hoje completariam três meses sem vê-la, se eu não tivesse decidido parar pra tomar um café na padaria do Aluízio. Estavam lá os dois, Renata e o prafrentex, comendo pãozinho na chapa, tomando cafezinho com leite no copo americano. Rapidinho entendi tudo. Puta babaca, o cara.

P.S.: Roubei a bicicleta.

Um comentário:

  1. Adorei o texto Arthur! Espero de verdade mesmo que você continue a escrever... Somos "fiscalizados" por nós mesmos o tempo todo, e o melhor disso é transmitirmos através da escrita tudo aquilo que sentimos! Grande beeijO

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